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Mulher

Meu humor é instável como o tempo, variado como nuvem. Raramente sou céu de brigadeiro, promessa de paz sem fim.

Algumas vezes, sou nuvem do tipo cirrus, vírgula ou interrogação precisas desenhadas no azul.  Mantenho diálogos breves, aceito respostas curtas, decido prática e objetiva.

Em outros dias, sou stratus, nevoeiro, espalhada como um véu comprido. Cubro toda a claridade com um halo de dúvida e complexidade.

De vez em quando, sou cumulus, algodão fofo, couve flor, palavras de aconchego, conforto de dias quentes e úmidos.

Mas, antes que a noite chegue, posso virar nimbus, descarga elétrica. Densa, sombria, assustadora, prestes a desabar.

E há os momentos em que nenhuma ciência me alcança, nenhuma previsão me acerta. Aí sou irregular, fora do padrão, contornos pouco visíveis a olhos novatos. Misturo cristais de água limpa e poeira. Todas as emoções condensadas.

Nessas horas, sou mulher inteira, que só adivinha quem conhece o prazer de se entregar às tempestades.

 

Imagem: Leo Gestel – Van Gogh Museum

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